3 de nov. de 2010

A história dos Mártires de Cunhaú


A HISTÓRIA DOS MÁRTIRES DO CUNHAÚ

Canguaretama além de ser palco de um show de belezas naturais foi palco também de uma das maiores carnificinas do Rio Grande do Norte. Em 16 de julho de 1645, o Pe. André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200 soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis participavam da missa dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú, que deu nome ao local. O engenho Cunhaú, também fica em Canguaretama, na verdade um pouco longe de Barra do Cunhaú.
Segundo o Postulador da Causa dos Mártires, Monsenhor Francisco de Assis Pereira, em seu livro Protomártires do Brasil: "Os holandeses chegaram à Capitania do Rio Grande, no dia 08 de dezembro de 1633. Depois da rendição pelos portugueses da Fortaleza dos Reis Magos, que defendia a entrada marítima da Cidade (de Natal), a principal preocupação dos invasores foi assumir, o quanto antes, os pontos estratégicos que garantiam a economia da região e subsistência da população".
A economia do Rio Grande do Norte era ainda bastante primitiva. Viviam os moradores das plantações de milho e mandioca, da pesca e da criação de gado. Uma outra fonte de renda para o Rio Grande era a lavoura de cana de açúcar. Na capitania do Rio Grande havia apenas dois engenhos: o Potengi e o Cunhaú. O primeiro a ser invadido pelos holandeses foi o Potengi, por estar mais próximo de Natal, apesar do engenho Potengi não representar muito para a economia do Rio Grande. O engenho Cunhaú, a 80 Km de Natal, era o mais importante centro da economia do Rio Grande.
O vale do Cunhaú, onde estava situado o engenho, irrigado pelo rio do mesmo nome, constituía um imenso campo verdejante de canaviais e plantações de milho e mandioca. Toda a colheita de cana de açúcar era moída no engenho que chegou a ter safras anuais de seis a sete mil arroubas de açúcar. A produção de açúcar, carne e farinha era exportada para Pernambuco e Paraíba, através do Rio Cunhaú que desemboca no Oceano Atlântico.
Por tudo isso, Cunhaú se tornou o alvo da ambição e cobiça dos holandeses na sua ânsia de dominar toda a região e controlar a sua economia. Sua posição estratégica, a meio caminho da Paraíba, fez de Cunhaú um palco de lutas sangrentas, vinganças e saques entre portugueses, índios e holandeses.
O MORTICÍNIO NA CAPELA DE CUNHAÚ

           Passadas as turbulências que caracterizaram o início da ocupação, a vida do engenho parecia ter voltado à normalidade. Ao redor da Capela de Nossa Senhora das Candeias, viviam pacatamente 70 modestos colonos com suas famílias, inteiramente dedicados aos trabalhos na lavoura e na moagem da cana.
O movimento de insurreição contra o domínio holandês já começara em Pernambuco, mas na capitania do Rio Grande tudo parecia normal. Bastou, porém, a presença de Jacó Rabe, um alemão a serviço dos holandeses, para que o clima se tornasse tenso.
Rabe era um personagem conhecido dos moradores de Cunhaú. Freqüentes eram aquelas incursões por aquelas paragens, sempre acompanhado de seus amigos e liderados, os ferozes índios tapuias. A simples presença de Rabe e dos tapuias já constituía motivo suficiente para suspeitas e temores. Além dos tapuias, Jacó Rabe trazia, desta vez, consigo alguns potiguares com o chefe Jererera e soldados holandeses, uma vez que se apresentava em missão oficial, dizendo-se portador de uma mensagem do Supremo Conselho Holandês, do Recife aos moradores de Cunhaú.
No dia seguinte, um domingo, aproveitando a presença de um grande número de colonos na igreja para a missa dominical celebrada pelo Pároco Pe. André de Soveral, Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a missa.
Muitos compareceram, mas uma chuva torrencial, providencialmente caída naquela manhã, impediu que o número fosse maior. (...) Como havia um certo receio pela presença de Jacó Rabe alguns preferiram ficar esperando na casa de engenho.
Quando chegou a hora da missa, os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, se dirigiram à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados a cumprir o preceito religioso, evidentemente não portavam armas, proibidas pelas autoridades holandesas.
Bastou o Pe. André iniciar a celebração, e a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina. Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelos flamengos com a ajuda dos tapuias e potiguares. Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não se rebelaram. Ao contrário, rezavam enquanto o Pe. André rezava apressadamente o ofício da agonia.
Fonte: www.arquidiocesedenatal.org.br/Martires.htm

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