Lendas


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A Lenda da Ressuscitada

1858 foi o ano em que o Capitão Anacleto José de Matos casou-se pela segunda vez com D. Maria Umbelina de Albuquerque Maranhão, filha do comendador Antônio de Albuquerque Maranhão e sua esposa, Dona Joana de Albuquerque Maranhão, pertencentes à família do Cunhaú. O acontecimento deu-se em Vila Flor, onde o Capitão Anacleto era homem querido e de influência política.
A esposa faleceu pouco tempo depois, em conseqüência do seu primeiro parto, deixando um filho varão. Seu sepultamento, na capela do Engenho Cunhaú, foi muito concorrido devido a influência das famílias Matos e Maranhão, e ainda mais pela presença do frei Serafim de Catânia, que por essa época andava pela região de Vila Flor e convidou o povo para participar do triste ato. Dizem que o cadáver já cheirava mal, mas ninguém reclamou diante da pregação do frei. Na missa de trigésimo dia, com trechos fúnebres executados pela Banda de Música de São José de Mipibú, que novamente acompanhou a celebração do frei Serafim de Catânia, não foi diferente. Era um tempo de grande efervescência política resultante da mudança da sede da freguesia e da Vila Flor para o “Saco do Uruá”, criando recentimentos entre os políticos da região. Nem todos se conformavam com o centro administrativo em Canguaretama.
Quatro anos mais tarde, em 1862, surgiram tremendas suspeitas acerca da morte de Dona Maria Umbelina. Sob a alegação de ter sido ela envenenada por seu próprio marido, depois de ser atendida por um médico, contou minúcias de sua triste vida. O médico surpreendeu-se com o que viu, pois ele mesmo havia participado da missa de corpo presente no Cunhaú e ficou espantado com a semelhança. Teria Dona Maria Umbelina casado por uma imposição dos pais, pois seu predileto seria um certo português, que por ali trabalhava. Depois de casada tivera encontros secretos com o português, num dos quais foi surpreendida pelo próprio Capitão Anacleto. O fato fez a família se reunir e discutir sobre o assunto e evitar problemas, já que não era aceitável naquele clã uma atitude como essa, que feria os brios e maculava o sobrenome. O “veretictum” foi a eliminação da ré para evitar o escândalo.
Recolhida em um quarto e incomunicável, Dona Maria Umbelina ficou sob a vigilância constante de um escravo de confiança. Depois do parto seria obrigada a beber veneno, mas uma escrava amiga da sinhazinha rompeu o cerco e levou notícias suas até seu amante. Com um plano infalível, o português conseguiu interceptar o portador do veneno e trocá-lo por um forte narcótico. Avisada da troca em tempo, a sinhazinha tomou o líquido sem maiores problemas, caindo em sono profundo. Sua fuga se deu na calada da noite, quando foi retirada do caixão e levada em possantes cavalos até o rio Piquiri, onde acordou nos braços do amante. De lá foi transportada em canoa puxadas a quatro remos pelo rio Pituaçu até o Meral. Na barraca do mestre Pantalião teria esperado um transporte que os levou pela Barra de Cunhaú até a Baia da Traição. De lá passaram para uma barcaça e rumaram para o Ceará, longe da influência da poderosa família Maranhão.

Enviuvando, no Ceará, caiu em desgraça completa. Não podendo voltar mais para casa, resolveu juntar-se a outro homem. Agora não era mais o elegante português de trato fino e delicado, mas um soldado da polícia cearense, tão rude quanto o Capitão Anacleto. Desse modo continuou morando em Fortaleza, levando uma vida simples e sofrida. Porém durante uma suposta novena em São José de Piranhas, apaixonou-se por um outro soldado e, com o qual, decidiu fugir para Recife. Na capital pernambucana ficou desamparada e doente e procurou ajuda, indo parar na capital paraibana.
A história logo se espalhou pela cidade, chegando até os quartéis policiais. Localizada, A suposta Dona Maria Umbelina foi obrigada a prestar depoimento para esclarecer mau entendido. Perante o chefe de polícia alegou ter escapado da morte por envenenamento e que foi retirada do caixão funerário, durante a noite, quando estivera depositado na Capela do Cunhaú, esperando a manhã seguinte para o sepultamento. Fez revelações íntimas e acusou o capitão Anacleto. Era tão precisa e exata nas narrações e nos detalhes dos fatos que ninguém podia recusar-lhe crédito.
A tal “Ressurreição” impressionou as autoridades, que requisitou a presença dos seus pais e do marido. De “Ressuscitada” ficou então sendo apelidada. Na Paraíba foram todos eles acareados, repetindo ela todas as acusações, face a face com o ex marido e perante seus pais. O comendador e sua esposa se recusaram a reconhece-la por filha. Mas, em confirmação de que Dona Joana era realmente sua mãe, a mulher citou sobre um suposto sinal que lhe marcava a coxa direita. A polícia, desejando averiguar a afirmação pretendeu fazer uma vistoria na perna de Dona Joana, mas o comendador opôs-se energicamente a ponto de declarar que essa vistoria só seria feita depois que passassem por cima do seu cadáver. O Tenente Coronel Manoel Salustiano de Medeiros, o capitão Sebastião Policarpo e o Dr. Felix Antônio Ferreira de Albuquerque, que haviam sido convidados a reconhecer a “Ressuscitada” intervieram e a vistoria não foi realizada.
As mais diversas pessoas se apresentaram diante da “Ressuscitada”, mas ela se mostrou irredutível. Tratava a todos pelos seus nomes, peculiaridades, postos, títulos e posições e fazia referências com tão grande certeza, que causou uma grande confusão. Ninguém mais tinha convicções de quem falava a verdade. O próprio chefe de polícia chegou se convencer da autenticidade da “Ressuscitada” e já dispunha-se na instauração de um processo de indução ao suicídio por envenenamento contra o Capitão Anacleto. Os relatos já tomavam proporções de grande gravidade e um escândalo se formava, quando os amigos da família tomaram a decisão de intervir.
Dr. Amaro Carneiro Bezerra Cavalcanti, Deputado Geral e chefe liberal da época na região, e que era casado com Dona Maria de Albuquerque Maranhão, uma das senhoras do Cunhaú, ficou convencido da existência de farsa e usou o seu prestígio para conseguir a remoção do chefe de polícia para o sul do país. No caso também esteve envolvido o juiz, Dr. Nogueira da Costa. Depois do afastamento, uma certa paz pairou e o escândalo foi pouco a pouco perdendo o interesse, quando finalmente foi desvendado o misterioso caso e os seus malévolos autores descobertos.
Era tudo falso. A “Ressuscitada” era uma mulher do povo, moradora no “Bujari”. Foi identificada, mais tarde, por seus próprios pais, que devido à grande semelhança com a finada Dona Maria Umbelina se deixou usar como instrumento de vingança dos irmãos Cavalcanti contra o Capitão Anacleto. Eles eram em trio: Francisco, Antônio e Manoel Cavalcanti, tendo mais outro trio de irmãos bastardos, que foram todos acusados de furto de animais. Pelo crime uns foram processados e outros presos, tendo ainda outros procurado a fuga para escapar ao castigo social. Acharam-se feridos por não aceitarem a culpa imposta e procuraram vingar-se. A mulher do Bujari foi seu grande trunfo e o Dr. Regueira Costa, tentando fazer justiça, tornou-se instrumento da grande farsa que se armou. Depois do ocorrido nunca mais o capitão Anacleto pode contrair núpcias, tal o efeito causado pelo escândalo. As provas, que mais tarde foram obtidas, não foram suficientes para desfazer a tal lenda, ficando na lembrança de muita gente que ainda hoje acredita de fato que houve aquela “Ressurreição”.

Os Caranguejos

É muito curioso o que se diz do caranguejo pela expressão de algumas locuções populares: "Perdeu a cabeça por causa de camaradas; não morre enforcado, porque não tem pescoço; e por morrer um caranguejo não se cobre o mangue de luto"; e o povo diz ainda que "o caranguejo só é gordo nos meses que não têm R: maio, junho, julho e agosto". Essas informações são dadas incompletas pelos pescadores, dizendo sempre ter ouvido, quando meninos, muitas estórias de caranguejos esquecidas depois. Alguns pescadores dos mangues contam lendas e superstições sobre os crustáceos.
Uma das lendas diz que os caranguejos são governados por uma espécie de rei, um caranguejo cujo casco mede uns vinte centímetros e tem patas enormes. Chamam-no de garrancho. É um crustáceo esverdeado, misterioso, dificilmente visto. Vive no fundo da lama, num buraco muito profundo, com a entrada escondida. Nenhum pescador de mangue o vê duas vezes na vida. O garrancho só deixa o buraco para sair uma vez por ano, à meia-noite da Sexta-Feira da Paixão. Anda até o primeiro cantar do galo. Volta, mete-se em casa e não há mais quem o enxergue.
Quem conseguir arrancar ao menos uma pata ao garrancho está com a vida garantida, porque nunca mais lhe faltará caranguejo, siri ou goiamum. Basta trazer a pata do garrancho no bolso e riscar com ela na lama do mangue.
Havia um pescador que dizia que era mentira quando se afirmava ter visto o garrancho ou conseguido uma patinha para dar sorte. Ele havia prendido um, enorme na gamboa da Garatuba Grande, amarrara-o com uma embira num galho de mangue e ao voltar encontrara o cipó intacto, com o mesmo nó e do garrancho nem rasto. Este é o crustáceo que tem a figura de uma moça encantada no casco, muito mais nítida e perfeita que seus vassalos. E tem também a cruz, bem clara. Por isso sai no dia em que a cruz se ergueu com o Salvador. Essa tradição do caranguejo com uma cruz, tem registo velho e área geográfica de crendice bem longe dos mangues do Rio Grande do Norte. São Francisco Xavier atirou ao mar, perto das Molucas, na Oceania, seu crucifixo para acalmar uma tempestade. Um caranguejo susteve o crucifixo no casco e entregou a relíquia ao santo, quando este desceu na primeira praia. Como lembrança ficou uma cicatriz cruciforme no casco.
No dia do Domingo de Ramos, na Semana Santa, há uma Procissão de Caranguejos. Dizem que os caranguejos faziam, igualmente, sua procissão de Ramos. À noite desse domingo, saíam de patas erguidas, sustendo raminhos de mangue.

A Lenda da Baleia
Dizem os mais velhos que debaixo da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, no centro de Canguaretama RN, existiria uma baleia encantada. Esta baleia protegeria a imagem de Nossa Senhora da Conceição contra possíveis roubos, pois retornaria do seu sono no dia em que alguém tentasse levar a imagem para qualquer outro lugar.
Ao acordar, a baleia provocaria um imenso jorro de água que inundaria todo o vale em que se encontra a cidade de Canguaretama. A baleia protetora então trataria de abocanhar o ímpio em seu ato ilícito. De tão imensa que seria, não teria chance quem tentasse escapar de tal ousadia.
Alguns menos céticos afirmam que os transportes pesados ao passarem pelas ruas do centro da cidade machucam a baleia, que incomodada se mexe e seus movimentos fazem a terra tremer. Até o próprio patamar da igreja é mostrado como prova, pois continua rachado mesmo com todos reparos que são feitos periodicamente.
Se mesmo assim ainda ocorra de alguém não acreditar, só resta uma alternativa: o incrédulo deve entra sozinho na Igreja Matriz numa noite silenciosa e por o ouvido no Altar Mor para escutar o coração pulsante da baleia. Há quem diga que possa escutá-la a qualquer hora do dia, bastando encostar a orelha no patamar da igreja.

A Coruja da Igreja Matriz
Entre as lendas que envolve a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição está a da coruja que rasgava o céu noturno às vistas de todos e se encantava durante o dia dentro da igreja. Também conhecida como “rasga mortalha”, a coruja reaparece e desaparece aleatoriamente e muitos acham que seu canto é de mau agouro, sendo sinal de morte. O próprio apelido que tem expressa bem o temor popular dos que escutam: o som do seu canto seria uma onomatopéia da tesoura ao cortar o tecido fúnebre que serviria de mortalha.

Os Tesouros do Brigadeiro Arcoverde
O Coronel André de Albuquerque Maranhão Arcoverde, mais conhecido como Dendê Arcoverde, foi dono do Engenho Cunhaú e herdeiro das riquezas de seu tio herói, André de Albuquerque Maranhão. Para ser dono de tão cobiçada herança cometeu crimes incontáveis. Dizem que mandou um negro e um caboclo para matar a faca o assassino do seu tio. Após o serviço, o negro foi enterrado vivo próximo a Casa Grande do Engenho. Sobre ele, o Coronel plantou um coqueiro. Já o caboclo foi empalado na Mata das Varas e teve o corpo mumificado.   
Tudo isso para se cumprir a promessa que fizera aos dois, de que nunca mais teriam necessidade de coisa alguma. Sua esposa, Antônia Josefa, foi por ele envenenada depois de persuadida a perfumar sua linda cabeleira, falecendo com violenta dor de cabeça. Seu único filho legítimo, o pequeno André, também morreu envenenado. Ao seu irmão mais velho, José Inácio, mandou matar para ficar com toda sua herança.
Logo após chegou todo de preto, benzeu-se e ajoelhou-se diante do corpo do irmão. Depois o levou para sepultá-lo na Igreja do Cunhaú com todas as honras. Durante toda sua vida Dendê Arcoverde acumulou mais de duzentas mortes. Os familiares cortaram as relações e ele passou a viver isolado em sua propriedade, onde era temido num raio de cinqüenta léguas. Seu engenho passou a ser freqüentado por todo tipo de mau caráter e o próprio Dendê Arcoverde passou a possuir várias concubinas. Aos familiares sempre se negou a escutar os conselhos, ameaçando-os com violência. Mas se rendeu ao Frei Serafim de Catânia, que usou armas diferentes para convence-lo de seus erros e provocar sua conversão.
Quando o frei deixou o Cunhaú, Dendê Arcoverde mudou completamente seus hábitos. Dizia que estava preparado para morrer. Dispensou todos os seus capangas armados e mandou suas mulheres para Baia Formosa e ditou seu testamento. Toda sua riqueza mandou enterrar em pontos distantes da propriedade que começava na praia, entre a foz do rio Cunhaú e Guajú, e se estendia por 40 léguas pelo interior.
Era a riqueza conseguida principalmente com os crimes contra seus próprios familiares. Era uma riqueza suja de sangue inocente. Uma parte foi lançada na “Lagoa do Tacho”, bem próximo ao engenho. Outra parte foi espalhada pela Croa da Negra, Porto do Francês, Camboa do Cotovelo e outras partes do mangue. Esses lugares passaram a ser assombrados com aparições estranhas que assusta muita gente. Alguns dizem que Dendê Arcoverde assusta as pessoas para que não se apoderem dos tesouros escondidos. Alguns chegam a ver o brilho do seu anel, quando é meio dia de céu aberto. Outros dizem que nas madrugadas silenciosas seu grito ecoa por entre as matas.
Muita gente acredita que não é Dendê Arcoverde, e sim suas vítimas, que provocam tais fenômenos. O Coronel teria se arrependido diante do frei Serafim de Catânia e suas vítimas, agora voltariam para pegar o lhes pertencem. Dendê Arcoverde teve um tão trágico quanto suas vítimas, quando o governo mandou tropas a seu refúgio particular. Os soldados surpreenderam-se com a hospitalidade que encontraram em Cunhaú, onde pernoitaram. O chefe de polícia foi levado a conhecer toda a propriedade e se demorou por dois dias no engenho. Por fim o Dendê Arcoverde disse: Há um ano atrás vocês teriam uma outra recepção. Não sou mais aquele... Sei o que querem de mim. Amanhã o senhor me verá, comandante. Recolhendo-se ao seu quarto, vestiu o uniforme de gala e calçou impecáveis luvas brancas. Ao deitar bebeu cianureto. No outro dia, pela manhã, encontraram-no morto.

O Tesouro do Holandês
Existe na Barra do Cunhaú, rondando próximo onde teria sido o Fortim da Barra, a alma penada de um comandante holandês que vaga a procura de salvação. Teria ele sido cruel na tomada do Fortim, sendo responsável pela degola de muitos inocentes. Quando saia da Barra, para tomar o rumo do mar, seu barco naufragou. Ele, no desespero de perder tudo quanto tinha saqueado, resolveu juntar os objetos de maior valor e se jogar ao mar.
Ao nadar em direção a praia, o comandante holandês foi ficando cada vez mais fraco e os objetos caiam de suas mãos, um a um. O último lhe caiu da mão a poucos metros da areia, e pouco depois seu corpo foi jogado para fora da água. Vivendo como um zumbi, estaria condenado a não entrar na água até devolver o que roubou. Depois disto poderia voltar ao seu navio e descansar em paz. Desde então ele oferece o tesouro para se redimir dos pecados. Porém sua oferta só pode ser feita a mulheres, pois os homens não o vê, nem o escuta.
Ao abordar as mulheres, ele mostra seu tesouro e pede que elas façam segredo do caso por três dias. As moças descuidadas sempre deixam escapar o que viram e o holandês continua sua penúria. Nas noites de céu limpo e água clara, uma trilha de objetos brilhantes é vista na “boca da barra”. É “o tesouro do holandês” ou “a corrente de ouro do pontal” que o mar guarda e o holandês vigia, sempre imóvel e de pé com os olhos fixos na água.

A Lenda da Gruta do Bode
Por que Gruta do Bode? Por que era ouvido o “berro de um bode”, mas ninguém nunca teria criado bodes naquela área. Esses “berros” viriam de dentro de um túnel, que também é conhecido por “Sete Buracos”, onde estaria escondido um “Bode de Ouro”. Entrando pelos “Sete Buracos” seria possível, devido a um complexo de túneis, chegar à Casa de Câmara e Cadeia de Vila Flor, ao Engenho Cunhaú, a Ilha do Flamengo, ao Fortim da barra, a Mata da Estrela e ao Forte dos Reis Magos. Na verdade existe realmente um túnel onde outrora fora a famosa Mata da Estrela. É chamado de o buraco do holandês e fica relativamente próximo à Vila dos Trabalhadores da Destilaria Baia Formosa. Um outro túnel teria existido no Engenho Cunhaú, mas seria apenas um canal que levava a água para mover o a moenda do engenho. Já em Vila Flor, dizem da existência de um túnel no Prédio da Câmara e Cadeia no centro da cidade, mas que foi soterrado quando da sua restauração.
Além destes, ainda existe um outro próximo ao rio Guajú. Para o povo os “Sete Buraco” fora construído pelos holandeses, quando aqui estiveram, para se protegerem e no local estaria escondido muitas riquezas deixadas na pressa da fuga. Foi a procura dessas riquezas que muitos tentaram entrar na caverna sombria dos Sete Buracos.
Nos sobrou um desses relatos orais sobre um jovem forasteiro que tentou a sorte e se perdeu em seu labirinto interior. Seus gritos atraíram a atenção de alguns, que logo ofereceram ajuda. Aos gritos, tentavam mostrar a saída. O suplício passou pelo final da tarde e entrou pela noite. A lua cheia subiu ao céu e a voz do desgraçado forasteiro foi ficando cada vez mais distante. Por fim, desapareceu completamente ao primeiro raio de sol do novo dia que chegou. Não se soube mais sobre o infeliz. Sua identidade se perdeu. Sabe-se apenas que era muito jovem e estava a procura de “Bode de ouro” e encontrou a morte por sua ganância. Aos que não acreditam, é feito o convite para chamar pelo desaparecido numa noite de lua cheia. A resposta será imediata, com gemidos indecifráveis saindo de dentro da gruta. Sobre o “berro do bode”, pode ser escutado a qualquer hora do dia ou da noite, pegando sempre de surpresa os curiosos que passam pelo local mal assombrado.
Uma outra versão conta que o nome “Gruta do Bode” era devido um cabrito solitário que vagava selvagem pelo local, sem nunca ser pego. O animal esperava a passagem do trem nas proximidades, pulava para o vagão e seguia viagem até a Estação Ferroviária de Canguaretama. Da estação de Canguaretama, voltava pela linha de ferro até o lugar de origem. Devido a este fato os maquinistas passaram a denominar o local de “Gruta do Bode”.