25 de nov. de 2010
23 de nov. de 2010
3 de nov. de 2010
A história dos Mártires de Cunhaú
A HISTÓRIA DOS MÁRTIRES DO CUNHAÚ
Canguaretama
além de ser palco de um show de belezas naturais foi palco também de uma das
maiores carnificinas do Rio Grande do Norte. Em 16 de julho de 1645, o Pe.
André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200
soldados holandeses e índios potiguares. Os fiéis participavam da missa
dominical, na Capela de Nossa Senhora das Candeias, no Engenho Cunhaú, que deu
nome ao local. O engenho Cunhaú, também fica em Canguaretama, na verdade um
pouco longe de Barra do Cunhaú.
Segundo
o Postulador da Causa dos Mártires, Monsenhor Francisco de Assis Pereira, em
seu livro Protomártires do Brasil: "Os holandeses chegaram à Capitania do
Rio Grande, no dia 08 de dezembro de 1633. Depois da rendição pelos portugueses
da Fortaleza dos Reis Magos, que defendia a entrada marítima da Cidade (de
Natal), a principal preocupação dos invasores foi assumir, o quanto antes, os
pontos estratégicos que garantiam a economia da região e subsistência da população".
A
economia do Rio Grande do Norte era ainda bastante primitiva. Viviam os
moradores das plantações de milho e mandioca, da pesca e da criação de gado.
Uma outra fonte de renda para o Rio Grande era a lavoura de cana de açúcar. Na
capitania do Rio Grande havia apenas dois engenhos: o Potengi e o Cunhaú. O
primeiro a ser invadido pelos holandeses foi o Potengi, por estar mais próximo
de Natal, apesar do engenho Potengi não representar muito para a economia do
Rio Grande. O engenho Cunhaú, a 80 Km de Natal, era o mais importante centro da
economia do Rio Grande.
O
vale do Cunhaú, onde estava situado o engenho, irrigado pelo rio do mesmo nome,
constituía um imenso campo verdejante de canaviais e plantações de milho e
mandioca. Toda a colheita de cana de açúcar era moída no engenho que chegou a
ter safras anuais de seis a sete mil arroubas de açúcar. A produção de açúcar,
carne e farinha era exportada para Pernambuco e Paraíba, através do Rio Cunhaú
que desemboca no Oceano Atlântico.
Por
tudo isso, Cunhaú se tornou o alvo da ambição e cobiça dos holandeses na sua
ânsia de dominar toda a região e controlar a sua economia. Sua posição
estratégica, a meio caminho da Paraíba, fez de Cunhaú um palco de lutas
sangrentas, vinganças e saques entre portugueses, índios e holandeses.
O MORTICÍNIO NA CAPELA DE CUNHAÚ
Passadas as turbulências que caracterizaram o início da ocupação, a vida do engenho parecia ter voltado à normalidade. Ao redor da Capela de Nossa Senhora das Candeias, viviam pacatamente 70 modestos colonos com suas famílias, inteiramente dedicados aos trabalhos na lavoura e na moagem da cana.
O
movimento de insurreição contra o domínio holandês já começara em Pernambuco,
mas na capitania do Rio Grande tudo parecia normal. Bastou, porém, a presença
de Jacó Rabe, um alemão a serviço dos holandeses, para que o clima se tornasse
tenso.
Rabe
era um personagem conhecido dos moradores de Cunhaú. Freqüentes eram aquelas
incursões por aquelas paragens, sempre acompanhado de seus amigos e liderados,
os ferozes índios tapuias. A simples presença de Rabe e dos tapuias já
constituía motivo suficiente para suspeitas e temores. Além dos tapuias, Jacó
Rabe trazia, desta vez, consigo alguns potiguares com o chefe Jererera e
soldados holandeses, uma vez que se apresentava em missão oficial, dizendo-se
portador de uma mensagem do Supremo Conselho Holandês, do Recife aos moradores
de Cunhaú.
No
dia seguinte, um domingo, aproveitando a presença de um grande número de
colonos na igreja para a missa dominical celebrada pelo Pároco Pe. André de
Soveral, Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a
todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a
missa.
Muitos
compareceram, mas uma chuva torrencial, providencialmente caída naquela manhã,
impediu que o número fosse maior. (...) Como havia um certo receio pela
presença de Jacó Rabe alguns preferiram ficar esperando na casa de engenho.
Quando
chegou a hora da missa, os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, se
dirigiram à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados a cumprir o
preceito religioso, evidentemente não portavam armas, proibidas pelas
autoridades holandesas.
Bastou
o Pe. André iniciar a celebração, e a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas
todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina. Foram cenas
de grande atrocidade: os fiéis em oração, tomados de surpresa e completamente
indefesos, foram covardemente atacados e mortos pelos flamengos com a ajuda dos
tapuias e potiguares. Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não
se rebelaram. Ao contrário, rezavam enquanto o Pe. André rezava apressadamente
o ofício da agonia.
Fonte: www.arquidiocesedenatal.org.br/Martires.htm
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